Vitrine e Cenas

REENCONTRO COM CEUMAR

Abraçar é aproximar o que não é físico...
Reencontro com esta estimada amiga e extraordinária artista Ceumar Coelho, sob as bençãos de Sandra Lacerda.
28º Festival de Inverno de Garanhuns, 2018.



GEÓRGIA BRANCO NO FIG

Conheci Georgia Branco quando estive em São Paulo, fazendo o show de lançamento do meu CD DE MIM.
Ela cuidou de toda a captura de imagens durante a temporada.
Passei a nutrir amor e ternura por essa criatura desde o primeiro instante em que a ela fui apresentado.
Um tempinho depois ela veio a Recife cuidar do registro de imagens com o intuito de um documentário do projeto PORCELANA, com Alaide Costa e eu.
Em 2015, fomos convidados, Alaíde e eu, para abrir o Festival de Inverno de Garanhuns no Teatro, com o show PORCELANA. E mais uma vez, de mansinho, chega Geórgia para documentar todo esse processo. O que resultou num documentário sobre a direção de outro parceiro nosso, Moisés Santana.
Agora, mais uma vez, Georgia Branco vem a Recife de forma encantada, repetir o que ela fez no Festival de Inverno de Garanhuns há três anos, ou seja, capturar imagens de todo o itinerário do show OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA, com Aurea Martins e Gonzaga Leal. E novamente, sobre a direção do estimado Moisés Santana o show tornar-se-á um documentário.
Essas fotos, assinadas por Glauce Oliveira, mostra a Geórgia em alguns momentos de sua passagem por Recife e Garanhuns, uma delas com o extraordinário Claudionor Germano e outra, ela jantando conosco no restaurante Vasconcelos, do saudoso Naná Vasconcelos.
Seja bem vinda, minha querida amiga. Diante de tantas histórias que eu tenho para contar sobre o meu itinerário artístico, as historinhas que eu tenho guardadas dentro de mim no convívio com você, são especiais e muito me honram.
Estendo isso também ao meu queridíssimo Moisés Santana.
Amém para todos nós!



A LINDEZA DO SHOW DE ANTONIA ADNET.

Sabe uma pessoa sair de um show feliz e maravilhada? Foi o que aconteceu ontem comigo, após ter assistido o show dessa artista extraordinária que, sem alarde, pretensão ou firulas, trabalhou a favor da música.
Tudo muito terno, sereno, preciso e de muita força. Um encantamento só! Por alguns momentos, lembrou-me da minha artista preferida, Nara Leão...
Estão de parabéns os responsáveis pelo Samba de Bamba, realizado mensalmente aqui na Caixa Cultural: Rodrigo BrowneJorge Féo (Produção Local) e todos os que fazem a Caixa Cultural.



GONZAGA LEAL NO CONSERVATÓRIO PERNAMBUCANO DE MÚSICA


É uma benção para qualquer artista trabalhar com uma equipe de músicos e técnicos há um pouco mais de dez anos. Sinto-me um privilegiado e um abençoado.
O nosso trabalho é de extrema cumplicidade e regido pela lógica do coletivo. Nos entendemos em qualquer das circunstâncias a nós apresentadas. Somos amigos, família, homens do ofício e comprometidos com o caminho e com o caminhar.
Ao longo desses anos todos, muitos shows, projetos, discos gravados, viagens e decisões tantas tendo por norte o coletivo. Quatro novas criaturas juntaram-se a nós: Jorge FéoCleison RamosNana Milet e Aristide Rosa, respectivamente produtor, iluminador, percussionista e violonista. Chegaram de mansinho e, pouco a pouco, foram entendendo o nosso jeito de administrar, trabalhar, e criar, baseado no aprendizado, respeito, transparência, verdade e amorosidade.
O show EU JÁ ESCUTO OS TEUS SINAIS, que tem a Direção Musical e Arranjos assinados por Adilson Bandeira, é mais um feito nosso. Ele é mais que um Show. É uma louvação, uma homenagem e um reconhecimento ao valor plural de um dos artistas brasileiros mais febris, dionisíacos, imprevisíveis, vulcânicos no palco da estrada.
Alceu Valença é um artista da arte como "POLÍTICA DO IMPOSSÍVEL". Um artista aloprado, um martelo agalopado, um macunaíma da arte atrevida. Por essa razão, merece todas as poesias a ele endereçadas.
Esse espetáculo, em razão de todos os seus tempos e tempestades de seu fazer musical, é uma dessas poesias. O itinerário do espetáculo segue da Carta de Pero Vaz de Caminha à solidão de Ascenso Ferreira e Carlos Drummond de Andrade, de Antônio Vieira à Glauber Rocha, dos profetas de Aleijadinho à Oscar Niemeyer ou Joaquim Cardoso.
É um espetáculo, enquanto roteiro, projeto, previsão, promessa. Roteiro trajado como imagens em plano sequência, sons e signos caleidoscópicos. De um (im)possível Godard nos abismos do tropicalismo. Do mel e fel do trópicos. Roteiro, mitos e utopias.
Dois extraordinários artistas compõem o elenco de EU JÁ ESCUTO OS TEUS SINAIS: a atriz Ceronha Pontes, que dramatiza a Carta de Pero Vaz de Caminha, e o cantor e ator Charles Teony, que canta F.M. REBELDIA.
O violonista e violeiro Claudio Moura, Diretor Musical que cuida da minha trajetória artística há pelo menos 16 anos, comparece nesse show fazendo uma participação especial, acompanhando-me na viola o tema RECADO FALADO.
Outras tantas criaturas caminham comigo lado a lado, sendo cúmplices da minha trajetória artística nesses últimos 15 anos, me comovendo, me confortando, me estimulando sem nunca me deixar sozinho: Marcondes Lima (diretor de cena, cenógrafo e figurinista), Lula Portela (assessor de imprensa), Romildo Moreira Moreira e Kiran Gorki (diretores de cena), Junior Evangelista (técnico de som), Josue Silva (roadie), Tania Avanzi (designer), Dado Sodi (iluminador), Elaina Diniz (secretária e fiel escudeira), Antônio Ernesto (pau pra toda obra), Amaury Carvalho (que me oferece seu ombro e sua palavra como bóia e me salva do afogamento. A sua coragem me anima e queima... Sem ele, passo batido!).
Ah, e o público, e os fotógrafos, e os compositores e poetas, também iluminadores da minha vida.
Nada seria possível sem eles!
Agradecer a todos é tão precário que, por isso mesmo, sou um devoto de cada um.
Evoé.






































































GONZAGA LEAL NO PROGRAMA SR. BRASIL

Sou um apaixonado pela palavra e um devoto da palavra aliada ao gesto. 
Mais uma vez participei do programa Sr. Brasil. Agradecer ao convite é precário, quero aqui falar da minha emoção de ter participado desse nobre programa na companhia desse nobre brasileiro, Rolando Boldrin, que recebe os artistas com olhos e coração bem abertos, aliando a palvra ao gesto.
É o máximo para qualquer artista!
O Rolando Boldrin pediu-me para cantar QUEM SABE (Antônio Carlos Gomes), ÚLTIMA ESTROFE (Cândido das Neves) e DEU SAUDADE (Roberto Mendes) e, como se não bastasse, desejou cantar comigo ÚLTIMA ESTROFE. Não esperava que isso acontecesse. Fiquei muito comovido e orgulhoso! Que benção!!!
Os meus companheiros de trabalho, Claudio Moura (Viola e Direção Musical), José Adilson Bandeira (Clarinete e Arranjos), Ewerton Botelho - Bozó (Violão Sete Cordas), me emolduraram e me vestiram de música. Precioso, precioso, preciosíssimo!
A Família Boldrin (Lenir BoldrinPatricia Maia Boldrin, Produção Rolando Boldrin) é isso aí: criaturas que seguem na vida, transpondo obstáculos, administrando esperança, aquecendo os sonhos e de mãos dadas com a ternura! É belo!!!
Amém para todos nós!












FOUS DE L'ILE

Recomendo, a quem interessar possa...
Restaurante LES FOUS DE L'ILE, na L'Ile Siant- Louis - au coeur de Paris.
Endereço: 33 Rue des Deux Ponts, Paris, F: +33 1 43 25 76 67, a cinco quadras da Notre Dame.




















SHOW COBERTO DE LUAR - FOTOS OFICIAIS

Aqui, fotos do show COBERTO DE LUAR, assinadas por Paulo Higor Nunes. Show que deveria ter acontecido no ciclo junino, pela Prefeitura da Cidade do Recife.
Aconteceu sim, mas no pós São João, no Teatro Arraial Ariano Suassuna, dia 07.07, às 20h, com as participações especiais de Guadalupe Mendonca e Nena Queiroga.

A quem interessar possa, compartilho esse deslumbrante texto que traz uma narrativa exemplar sobre o ofício do artista de verdade.

Esse texto foi extraído de uma gravação de O Prestidigitador, enviado para mim pela minha doce e querida amiga Cida Moreira.
Um texto absolutamente pertinente em tempos sombrios e de equívocos artísticos, nos quais somos cada vez mais surpreendidos.
Penso que o narrador do texto quis dirigir-se aos artistas de verdade e não àqueles arremedos de artistas, pisoteadores da arte e mercenários do fazer artístico.

Os artistas são as pessoas mais motivadas e corajosas sobre a face da terra.
Lidam com mais rejeições num ano do que a maioria das pessoas durante toda uma vida.
Todos os dias driblam os desafios financeiros por seus estilos de vida independentes e acabam por ter que conviver com o desrespeito de pessoas que acham que eles deveriam ter um emprego “sério”.
Junto a isso, enfrentam diariamente o seu próprio medo de nunca mais terem trabalho.
Todos os dias têm que ignorar a possibilidade de que a visão a qual têm dedicado suas vidas seja apenas um sonho.
Com cada obra e papel, empurram mais um pouco os seus limites emocionais e físicos, se arriscando às críticas e julgamentos de quem pouco os conhece.
Enquanto isso, pessoas da sua idade alcançam os marcos previsíveis de uma vida normal: a família, a casa, o carro. Por que mesmo?
Porque os artistas estão dispostos a dar sua vida inteira por um momento: aquele riso ou aquele gesto, de modo que algo agite a alma do público.
Artistas são seres que provaram o néctar da vida, aquele momento cristal, quando derramam seus espíritos criativos e tocaram o coração do outro.
Nesse instante, eles estão mais próximos da magia, de Deus e da perfeição, do que qualquer um poderia estar.
E nos seus corações sabem que dedicar-se a um momento assim, vale mil vidas!
(O Prestidigitador)



































































Testemunhei

TESTEMUNHEI...
A quem interessar possa...
Me aproprio de Oscar Wilde para definir o que nesse momento vivencio quando revisito essas imagens que registrei ano passado, após os atentados em Paris:
... A vida é uma questão de nervos, de fibras, de células de formação lenta, onde o pensamento se aloja e a paixão esconde os seus sonhos...




















































































































































SHOW PORCELANA - JANEIRO DE GRANDES ESPETÁCULOS - 2017


Porcelana nos fortalece, através das delicadezas, amizade, singeleza e poesia nela contida, para enfrentarmos um universo de tanta inquietação e desassossego.
Aqui, o registro do show realizado no dia 18/01/2017, no Teatro de Santa Isabel, pelo Janeiro de Grandes Espetáculos, pelo fotógrafo Paulo Higor Nunes.










































UM PIERROT, UMA COLOMBINA E UMA ROSA NEGRA ANDANTE...


Carnaval 2017

No Carnaval tem dessas coisas...
Ao final do meu show EU JÁ ESCUTO OS TEUS SINAIS, na madrugada da quarta-feira de cinzas do Carnaval, visualizo ao longe um casal lindamente vestido de Pierrot e Colombina, divertindo-se na multidão. São cearenses.
Aquela cena me chamou a atenção. E, movido por um impulso, me desloco do palco através de uma rampa que dá acesso à plateia, e os trouxe para junto de todos nós que cantávamos Bandeira Branca, no encerramento de nosso espetáculo.
Parecia que tudo estava previsto e combinado.
Ao término de tudo, deveria me deslocar até o Marco Zero para o encerramento do Carnaval sob a regência do Maestro Spok. Não é que novamente os encontro no meio da grande multidão?
Trocamos figurinhas e, nesse instante, sou presenteado com a Rosa Negra que me serve de companhia até o Marco Zero.
Lá chegando, todos ficaram intrigados... eu, praticamente vestido de negro, com aquela Rosa Negra na mão... tudo muito surpreendente!
Ao final da minha apresentação, com os duzentos músicos, Almir Rouche, Maestro Spok, naquela linda noite, naquele exuberante palco e a Rosa na mão, que clamava para que eu a entregasse ao Maestro Spok para fazê-la de batuta em sua regência da Orquestra.
Hoje, ao abrir o meu e-mail, sou surpreendido por uma deliciosa mensagem dos nossos Pierrot e Colombina que, a rigor chamam-se: Alexssandra Ferreira Ximenes e Élder Ximenes, cujo o título é PIERROT, COLOMBINA, FLOR E LEAL - UM BELO ENCONTRO...
"Caro Artista Gonzaga Leal,
Aqui falam os foliões que encontraram sua gentil figura durante a última folia mínima. Tivemos a honra de brincar no palco do Arsenal, por vosso inesperado convite!
Não poderíamos ter entregue nossa Negri-rosa em melhores mãos...
Tudo bem?
Enviamos anexadas algumas amostras de nossas fotos duplamente "amadoras":
por não sermos profissionais e por amarmos o Carnaval!
Passamos a segui-lo no "Face" e no YouTube - grata surpresa:
vimos quando passou adiante nossa rosa negra! Após dueto com o homenageado Almir Rouche, regalou-a ao Maestro Spock - pedindo-lhe que regesse com ela!
Puxa, emocionou mesmo! Parecia que estávamos um pouquinho ali... dividindo afetos e cultivando alegrias em flor!
Não conseguimos foi achar registros do "Arsenal".... Seria possível compartilhar?
Caso não, tudo bem. O momento evolou-se, eterno!!!
A alegria é contagiosa!
Um abraço momino, de
Alexssandra Ferreira Ximenes (Alexa Xs)
- Maria Bonita Steampunk + Abby Arcane + Palhacinha Vintage + Colombina (Artista Visual, Advogada e Foliã)
Élder Ximenes Filho (ÉlderX)
- Lampião Steampunk + Monstro do Pântano + Palhacinho Vintage + Pierrô (Promotor de Justiça e Folião)"















Ensaio Geral do show OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA

Todos juntos no ensaio geral, se esforçando e primando para não perder o tom!




















DALVA DE OLIVEIRA ATRAVÉS DO SHOW OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA


Foi tudo muito forte, intenso e febril! Um trabalho marcado, sobretudo, pelo nível de cumplicidade entre todos. 
As fotos assinadas por Hans von Manteuffel denunciam o trabalho que desenvolvemos no palco do Teatro Arraial Ariano Suassuna, em homenagem ao centenário de Dalva de Oliveira.
Aurea Martins, a nossa grande rainha; Isadora Melo, um encanto de artista; o Maestro Spok, um lorde; a Banda (Mauricio CezarClaudio MouraCaca BarretoAlexandre RodriguesAristide RosaRafael MarquesTomás Melo e George Rocha), amigos de um tempo e mestres de nossas vidas; e a impecável produção da Paó Comunicação e Produção, representada pelo produtor Jorge Féo, deram o tom de profissionalismo e beleza ao OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA.
Somos infinitamente gratos a todos que contribuíram para a realização desta festa, em especial a FUNDARPE, na pessoa de Márcia Souto.
Lamentamos profundamente que muitos não puderam ter acesso ao show, em razão da rapidez como os ingressos foram esgotados. Mas, dentro em breve, asseguramos que o show voltará!

Evoé e Amém para todos nós!









































































Show OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA - O antes e o depois.























SHOW OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA


A quem interessar possa, estamos postando algumas das imagens que hoje nos chegam do extraordinário fotógrafo Hans von Manteuffel, que cobriu todo o espetáculo OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA.
Esse fotógrafo é um alemão que mora em Recife há um tempão e o conheço também há um tempão. É um profissional de fina sensibilidade e de um olhar esperto e poético sobre o outro. Isso me diz muito de um homem dedicado ao ofício da fotografia.

Teatro de Santa Isabel, 12 de novembro de 2017.

































































TROFÉU GRÃO DE MÚSICA 2017


Estive lá!
Que coisa linda de se ver! E de se orgulhar de ser artista em um momento tão difícil para a música brasileira e esse evento acontecer, dando visibilidade a tantos nobres nomes que, por convicção, não estão na crista da onda.
Artistas das partes mais diversas do Brasil compareceram para receber um lindo troféu assinado por, nada mais, nada menos, um dos magos das artes Elifas Andreato - isso já diz muito de um prêmio.
Lá estiveram Wilma Araújo, de Alagoas; Paula Santoro, de Minas Gerais; Joésia Ramos, de Sergipe; Aurea Martins, do Rio de Janeiro; Ana Paula da Silva, de Santa Catarina; Calé Alencar Alencar, do Ceará; Márcia Siqueira, da Amazônia; João Triska, do Paraná; Jânio Arapiranga, da Bahia; Fred Martins, do Rio de Janeiro e Estela Ceregatti, do Mato Grosso.
É louvável essa iniciativa que já vai na sua quarta edição tendo a cantora, compositora e produtora paraibana Socorro Lira, há alguns anos residente em São Paulo, como idealizadora dessa ação tão necessária para a música brasileira.
Tudo muito simples, profundo e verdadeiro, como são as coisas belas. Como se não bastasse, tivemos a oportunidade de assistir um deslumbrante show, através das vozes de Estela Ceregatti, Áurea Martins e Calé Alencar. Lindo também foi a intervenção à capela da surpreendente cantora Paula Santoro, que entoou um tema das Minas Gerais, e a estonteante Márcia Siqueira, que com um tema indígena me fez tremer...
A discrição, a elegância e o contentamento regeram o evento.
Uma das grandes lindezas é a parceria que a Socorro Lira construiu com Maury Cattermol e Carol Araújo, para viabilizar essa festa bordada por valentia, intransigência, coragem, determinação, afeto e, sobretudo, devoção à música brasileira.
A benção, todos vocês! E que assim seja pela vida afora!
























































UM DOS MEUS TESOUROS...



Há um tempo de escrever e outro de publicar. Estou inteiro, aqui.
É maravilhoso escrever tendo vocês como inspiração. Passear pelas bordas e pelas trinchas de meu coração. Tenho fôlego para mais... para rir e chorar das bobagens que escrevo.
Hoje, reuni pessoas que querem dizer alguma coisa para mim e eu para elas, contando como as vejo, como elas estão posicionadas dentro de mim.
Na viagem por essas bandas, encontram-se bergamotas, pêssegos e vinhos inesquecíveis. É nessa região que se toma o café da colônia...
Quero compartilhar com vocês essas imagens registradas ontem na minha casa, em louvação a essas criaturas, parceiras de entradas e bandeiras. Não posso escutar o som vindo de seus instrumentos, que meu sangue fala mais alto:
Caca BarretoMauricio CezarAristide RosaAlexandre RodriguesClaudia DiasJorge FéoRenata SouzaIsadora MeloGeorge RochaTomás MeloCleison RamosRomildo Moreira MoreiraClaudio Moura, Monica Feijó, Nana MiletJulio Cesar MendesJosue Silva e meu amadíssimo companheiro Amaury Carvalho, que está nas fotos e também fotografou.
Quem sabe, assim, achem mais graça de mim? As imagens diante de tantos é mais interessante. Crescem e estufam, consideravelmente. E eu, não quero aprender a ser só... definitivamente.
Lembro-me agora do meu pai, quando certa vez me indicou: "Vai, ser terno, fazer teu trabalho e amar muito."
Licenciosidades poéticas, como diz um amigo meu.
Quando o próximo natal chegar e a solidão apertar, sei que posso ligar para vocês e ouvir os seus votos de Boas Festas. Depois disso é subir qualquer avenida incandescente de Papais Noeis e sentar o pau na vida!
De qualquer forma, estou com vocês e não abro.





























Françoise Hardy e Eu


Ela, Françoise Hardy, e eu diante dela...
Na espera do que virá...

















Capítulos de uma viagem... IV.


IV. Uma ida ao teatro assistir a peça ARTAUD PASSION

O teatro é algo absolutamente necessário em minha vida. Antonin Artaud é uma das minhas paixões. Adentrar ao universo do Artaud representa para mim uma torrente, um oceano de afetos.
Em um de seu escritos, profetizou: "... O homem possui estados inumeráveis e cada vez mais perigosos..."
Já assisti algumas tantas peças sobre ele e, desta vez, no STUDIO HÉBERTOT, no 78 bis Boulevard des Batignolles, uma montagem baseada no seu livro OS TARAHUMARAS, no qual o artista francês descreve sua visita à terra dos índios Tarahumaras, em 1936, no México.
Aqui, algumas das passagens da peça:
- Nunca ninguém escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu, inventou, a não ser para sair realmente do inferno.
- Ponho o dedo no lugar exato da falha, do escorregão inconfessado. Sou aquele que melhor sentiu a perturbação espantosa da própria língua nas suas relações com o pensamento. Sou aquele que melhor marcou o minuto de seus mais íntimos, dos seus mais insuspeitáveis deslizamentos... Rompo com a linguagem para tocar na vida.
- Aqueles que estão vivos, vivem dos mortos. É preciso que a morte também viva e nada melhor do que um manicômio para incubar carinhosamente a morte.

Ao término do espetáculo, indaga Artaud através de um dos atores: "Quem é o verdadeiro louco?"
De tão embriagado de emoções, não me contive e solicitei à produção uma visita ao camarim dos artistas, fui atendido e carinhosamente bem recebido.







Show de YOUN SUN NAH


Alguns momentos do show de YOUN SUN NAH, que me atrevi a capturar, movido pela força, simplicidade e profundeza do canto dessa extraordinária artista. Realmente não me contive!
Estávamos tão ansiosos que fomos os primeiros a entrar na sala de espetáculo que pouco a pouco ficou lotadíssima e todos silenciosamente esperavam por aquele momento. Ah, Dona Vida!













Capítulos de uma viagem... II.


II. Visita ao Musée des instruments de musique - Bruxelas

O que vemos quando acreditamos ver algo de verdade, então? 
Eu diria que quando isso ocorre, quando parece que nos encontramos diante do real, estamos mais do que autorizados a ironizar sobre a realidade, ainda que seja somente para conjurar a possível aparição casual do que é realmente real e desse muro que nos deixaria, sem ironia alguma, desmaiados.

Este post dedico aos meus estimados amigos músicos... Mauricio CezarClaudio MouraCaca BarretoAlexandre RodriguesAristide RosaTomás MeloGeorge RochaNana MiletRafael MarquesGeraldo MaiaCida MoreiraAurea MartinsSocorro LiraConsuelo de PaulaAlaide CostaMarcos Sacramento Marcos Mendes, José Adilson BandeiraCláudia BeijaXico de AssisXico BizerraFabio PassadiscoCharlesTheone AraújoWilma AraújoAlmério FeitosaJuliano HolandaArthur PhilipeEdy Star StaredyTiberio AzulMarilia BarbosaMoisés SantanaIsadora MeloJulio Cesar MendesFabiano MenezesCezar Thomaz Silveira





















Capítulos de uma viagem... I.



I. Visita à casa que hoje abriga parte do acervo do extraordinário estilista francês Yves Saint Laurent.
Sempre fui um afeiçoado por moda, desde muito jovem. Tive uma mãe e um pai, ambos vaidosíssimos, que nos ensinaram os segredos e detalhes relativos a arte de vestir-se.
Yves Saint Laurent, logo muito cedo, passei a apreciá-lo, quando assisti o filme La Belle de Jour, para o qual ele fez o figurino da atriz Catherine Deneuve, de quem tornei-me um aficcionado.
Adentrar a casa do Saint Laurent é mais ou menos assim:
"O toque quer chegar perto. A mão, até o pé, já vai se chegando e fazendo amizade. Tomando liberdades. A epiderme quer ficar junto. Fazer um liame. Juntar os trapos. Avançar o sinal. Tomar intimidades. Encostar. Aconchegar. Chegar-se. O toque é confidente. Cúmplice. Promíscuo. Amigo. Companheiro. O toque é amante..."
Sobre esta visita, é o máximo que eu consigo dizer...

Endereço: Musée Yves Saint Laurent Paris,
5 avenue Marceau, Paris.







































Fotos atrasadas de um Carnaval



Não é que hoje fui surpreendido com essas fotos! Elas são do carnaval deste ano de 2018!
Já nem lembrava mais! E de mansinho elas me chegaram! Aaaaadoreiiiiii!






















Carnaval 2018 - Participação no show de Geraldo Maia


O Carnaval, ah, o carnaval...
Fazer um show no carnaval, fugindo do clichê, da repetição e do mais fácil, é algo difícil e desafiador.
Geraldo Maia, nos seus trabalhos para o carnaval, foge total e completamente a esse modelo, construindo shows roteirizados, repertórios originais, arranjos surpreendentes e figurino elegante, deixando Momo e todos nós embriagados de beleza.
Uma das coisas que vivi neste carnaval e me deixou absolutamente feliz e que fez minha alma cantar foi ter feito uma participação especial no show, cantando com Geraldo, Taí (Joubert de Carvalho), e Anda Luzia (Braguinha).
Obrigado Geraldo, por ter me proporcionado tamanha alegria!!!
Sigamos... sempre, porque o caminho é de quantos queiram...










O Carnaval também é reencontro...

O Carnaval também é um tempo de reencontro...
Tudo isso numa mesma noite, num backstage povoado de sensações variadas e sorrisos largos!
Ah... Vida de artista!
Aqui comigo, Diego Rocha (Presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife), CharlesTheone AraújoJorge FéoAlmério Feitosa, J Michiles, Gustavo Travassos, Nena Queiroga, Ceceu Valença, Luciano Magno, Maestro Forró, Tiberio AzulSérgio AndradeFabiola Simões, Maestro Ademir Araújo...
Sigamos sempre... porque o caminho é de quantos queiram.

















Carnaval 2018

Ah meu Carnaval deste ano!
Em 17/02/2018, mais uma experiência, desta vez na cidade de Camaragibe, que me deixou cheio de encantamento.







































MIRANDA'S - UM ELOGIO A CARMEN

MIRANDA'S - UM ELOGIO A CARMEN foi um show que aconteceu há mais de dez anos, e que teve sua estreia no Teatro de Santa Isabel.
Desta vez, o show volta a acontecer no dia 13 de fevereiro, terça-feira de carnaval, as 19h, no Pólo de Casa Amarela.
Com figurino assinado por Eduardo Ferreira e Direção Musical de Claudio Moura e Direção Artística de Romildo Moreira Moreira Moreira.
A banda, Ah! A Banda... que estará comigo, são os mestres da minha vida: Claudio Moura - Viola e Direção Musical, Aristide Rosa - Violão, Caca Barreto - Contrabaixo, Rafael Marques - Bandolim, Alexandre Rodrigues - Sax e Clarinete, Julio Cesar Mendes - Acordeon, Tomás MeloGeorge RochaNana Milet - Percussão.
Produção Executiva - Jorge Féo.
Uma realização Paó Produção e Comunicação.
Nesse show, iremos reviver essa grande artista brasileira: Carmen Miranda! Contamos com vocês.
Muitos Evoés!!









Ensaio para o Carnaval 2018



Eles são únicos, amigos que me acompanham há muito tempo e mestres da minha vida.
É um privilégio para qualquer artista, o que me deixa muito agradecido e feliz por mais uma vez estarmos envolvidos em um novo empreendimento artístico, para quando fevereiro chegar!

Fotos e vídeo assinados pelo nosso produtor Jorge Féo, parceiro de umas tantas paradas, das quais me orgulho!

Claudio Moura - Diretor Musical e Viola; Aristide Rosa - Violão; Caca Barreto - Contrabaixo; Rafael Marques - Bandolim e Cavaquinho; Alexandre Rodrigues - Sax e Clarinete; Mauricio Cezar - Piano e Teclado; Nana MiletGeorge Rocha e Tomás Melo - Percussão.













SHOW OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA - TEATRO DE SANTA ISABEL

Uma plateia encantadora se fez presente no Teatro de Santa Isabel no dia 12 de novembro para louvar Dalva de Oliveira, através do show OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA.
Nós que fazemos esse espetáculo estamos muito lisonjeados e agradecidos pelo comparecimento de todos!
Um especial afago vai para Ana CoutoSimone LoboHans von Manteuffel e Luciano Mágna Juliana Sousa Santos Costa, que nos enviaram essas especiais e calorosas imagens.
Vocês todos são incríveis e necessários!
Amém para todos nós!






















Show OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA - SALVADOR



Ao final do show, fui surpreendido com a adorável presença de artistas, o que me encheu de orgulho, e de uma plateia absolutamente febril!
O que levou-me a cantar uma breve vinheta de uma canção que eu adoro:
"...Como se fosse flor, você me cheira, como se fosse flor, você me rega. E nesse reggae eu vou a noite inteira, porque morrer de amor é brincadeira..."















SHOW OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA - COM J VELLOSO - SALVADOR

Foi um contentamento só ter dividido o palco do show OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA com meu querido amigo Jota Velloso, na noite do dia 20 de outubro de 2017, no Teatro do Sesi, em Salvador.
Um artista a quem tenho enorme admiração e respeito!








































SHOW OLHANDO O CÉU, VIU UMA ESTRELA - MOMENTOS CÊNICOS - SALVADOR


As fotos que estou postando fazem parte do show que fizemos em Salvador, no Teatro do Sesi, com a participação nobre de Jota Velloso e Direção Musical, arranjos e teclado de Mauricio Cezar e a primorosa produção de Jorge Féo e Rebeca Castro e a competente assessoria de imprensa de Moisés Santana, da Tambores Comunicação, São Paulo.
Foi uma noite especial, fui recebido por uma plateia quente e apaixonada e por amigos artistas que foram me abraçar. Foi tudo muito encantador e deslumbrante.
Amém!








































ENCONTRO COM ÁUREA MARTINS E WILSON DAS NEVES

Aurea Martins, querida, que encontro lindo foi esse o nosso. Inesquecível!

Tantas coisas a dizer mas, por vezes, as palavras tornam-se precárias...

Todos os meus Améns e Vênias para o querido Wilson das Neves!










RECEBER AMIGOS

Receber amigos na minha casa é uma das coisas que mais me dá prazer. Ah, como eu adoro!!!
É como se tivesse tomado um banho de água lustral.
Ontem, depois do show da estimada Jussara Silveira, viemos todos para cá, Marcelo Costa, Muri Costa, Rodrigo BrowneChristiane Amback, foi tudo muito amoroso e divertido!
Sou mesmo um devoto da amizade, sempre quis isso para minha vida! Continuo apostando na amizade.

23/08/2017
































JEANNE MOREAU


Sim, gosto da França. Sobretudo de Paris. 
Tomei um susto hoje ao saber da morte de Jeanne Moreau, artista que aprendi a amar muito cedo. Foi como se tivesse caído num precipício...
Com o seu desaparecimento, o mundo e a arte ficam mais empobrecidos.
Em uma de minhas idas a Paris, nos anos 90, tive a felicidade de vê-la ao lado de um jovem cantor, roqueiro, Étienne Daho, interpretando LE CONDAMNÉ À MORT, de Jean Genet, no THÉATRE DE L'ODEÓN.
Saí impactado e, ao mesmo tempo, pesaroso do teatro. Não sabia que direção tomar, mas com a nitidez de que alguma coisa havia mudado de lugar dentro de mim... coisas da arte.
Hoje, ao ler um post da querida Deolinda França de Vilhena, ela se reporta a uma entrevista que fez com a Jeanne Moreau, na qual ela declara: "Eu não faço carreira. Ser atriz, para mim, é uma vocação, uma ética, uma moral, uma maneira de viver. Eu lutei para ser atriz."
Cheguei a ler inúmeras entrevistas da Jeanne Moreau nos mais diversos jornais e revistas francesas e ver outras tantas em televisão. Nelas, a citação acima referida sempre aparecia das mais diversas formas, como se isso fosse o seu mantra que lhe conduzia.
Jamais deixei de levar em conta o que ouvi dessa extraordinária artista. Sempre estive muito atento ao que ela apregoava e, com isso, obter nortes para a minha vida e o meu fazer artístico.
Ela continua vivíssima dentro de mim...

31/07/2017





















FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS 2017


Eu, pescador, que trago em mim as tábuas das luas e das marés e o último rumor de um nome que alguém escreve sobre as águas e nunca se repete. Eu, pescador.
Eu, pecador, que nunca me confesso senão pescando o que se vê e não se vê. E mais que peixe, quero aquele verso que me responda ao quando, ao quem, ao quê...
Meu reencontro na sexta-feira, 21/07/2017, com criaturas iluminadas, no Festival de Inverno de Garanhuns.
Ave! Evoé Cida MoreiraAngela Maria Diniz GonsalvesIsadora MeloRafael Marques, Guinga, Lira e Ednardo, artistas e amigos de quem sou devoto!










STUDIO DE DANÇAS 

40 ANOS


No sábado passado, dia nove de junho, fui louvar com todos que lá estavam os quarenta anos do Studio de Danças.
Foi uma noite de encontros e reencontros. Uma encantadora noite!
A história do Studio de Danças fala de cada um de nós a partir de uma história da dança. Deixemos que fale de cada um de nós. E do profundo desejo de reinventar as relações humanas, desenhando sucessivos esboços na possibilidade de vivermos juntos.
O coração desta história é o reencontro entre pessoas. O elogio da diferença. Um encontro fundado na relação de intimidade e na declaração de amor.
Não se chega lá sem empenho, profundo desejo e esforço. Temos de atravessar toda experiência do viver. O abandono, a solidão e a morte.
Mas é possível.
Deixemo-nos guiar por todos aqueles que fizeram e fazem o Studio de Danças, representado, sobretudo, por Lúcia Helena Gondra e Ruth Rozenbaum.
Para ouvir mais, viver mais e sentir mais.
Com amor,
Gonzaga Leal 
































DEBATE FILME NISE - NO CORAÇÃO DA LOUCURA

Como divulguei por aqui, fui convidado para ser debatedor do filme NISE - NO CORAÇÃO DA LOUCURA.
É sempre uma experiência rara cada vez que volto a reconectar-me com a Nise e presentificá-la.
De cada encontro que tinha com a Dra. Nise, ficava sempre a impressão de que o seu centro ativava o centro da outra pessoa, como se pudesse traduzir com perfeição o ditado zen: "Onde o mestre passa, sempre nasce flores".
Nise era verdadeiramente um mestre no sentido oriental, as coisas vinham até ela sem que precisasse fazer esforço.
De cada encontro, saía engrandecido, sentindo um secreto orgulho de partilhar com ela a mesma condição humana, o que me obrigava a ser mais exigente em relação a mim mesmo, como se me dissesse: "e você, o que está fazendo?"
Nise era uma dessas pessoas raras. Grandeza como ser humano, enorme capacidade de doação, fina sensibilidade, vasta cultura, inesgotável força de trabalho: eram muitas as qualidades que faziam dela uma especial pessoa.

Quero agradecer, comovido, o convite de Isabela Cribari para participar desse projeto inovador, necessário ao universo da saúde e das artes e rico em sensibilidade e potência artística. Quero também louvar o público que lá esteve e que expressou um real interesse pela presença da Nise na vida de todos nós.

Fotos creditadas a Isabela Cribari.
15/08/2017





















Ocupação NISE DA SILVEIRA
Itaú Cultural - São Paulo, Outubro, 2017

Ocupação Nise da Silveira é um mergulho na vida de uma mulher revolucionária e necessária. A doutora Nise (1905-1999), uma das principais cientistas brasileiras, foi uma alquimista da psique que redefiniu com determinação novos caminhos pelos territórios da medicina, da filosofia e da arte.
Alagoana, estudou na Bahia e viveu no Rio de Janeiro, cercada de gatos, loucos e livros. Ela se autodenominou uma psiquiatra rebelde, dizia levar um cangaceiro na pele, mas ergueu uma obra estruturada no amor. Não a palavra devastada pelo uso irresponsável, e sim o sentimento vivo, posto em prática e presente em seus principais conceitos: emoção de lidar, afeto catalisador, animal coterapeuta; o respeito irrestrito ao ser humano.
Os materiais do acervo pessoal da doutora, nunca antes expostos em panorama tão amplo, contam sobre sua família, sua prisão, a relação com o médico e pensador Carl Gustav Jung (1875-1961), a terapia por meio das artes, o mergulho no inconsciente, a arqueologia do psiquismo – sua forma particular de fazer ciência. Há ainda trabalhos dos clientes da Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (Stor) do Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro – sua contribuição no meio das artes – e o legado contemporâneo do Museu de Imagens do Inconsciente (MII).
Permeada de registros audiovisuais e sonoros, que evocam sua presença e a de seus pares e exploram a palavra e os símbolos, a mostra provoca os visitantes a olhar outra vez para o que nossa sociedade tacha de louco, olhar para si e reconhecer se não somos iguais.
Nise da Silveira rejeitava a palavra paciente em relação aos internos dos hospitais psiquiátricos. Ela determinava o uso de clientes para reforçar a relação de troca, mas preferia sempre se referir a eles pelos nomes. Cada pessoa é um universo. São muitas as histórias de reações severas da doutora quando ouvia alguém se referir a seus clientes como pacientes.
O resultado é ilustrado nas imagens abaixo.
"Que é a arte, afinal, do ponto de vista emotivo, senão a linguagem das forças inconscientes que atuam dentro de nós?" (Mário Pedrosa, 1947)


"Todo criador é um iconoclasta que trabalha com fragmentos da imagem que destrói. Um corpo portador de memória vai produzir um espaço de pensamento." (Gonzaga Leal)



Se o problema da criação segue sendo libertar os criadores - independentemente dos endereçamentos "para", com suas finalidades específicas -, no entendimento da arte como campo de ação temos ao menos uma direção a ser seguida, entre tantas direções possíveis não excludentes. Um caminho que foi plantado lá, há mais de 70 anos: a construção de um sentido mais amplo para além do "campo" da arte posto: rumando à expansão das bordas e à derrubada de barreiras para a libertação dos sujeitos; todos os sujeitos.




"Deus é mais um artista. Inventou a girafa, o elefante e o gato. Ele não tem estilo pronto. Apenas segue em frente experimentando com as coisas." (Gonzaga Leal)










"O outro que há em mim. Meu corpo, minha terra! Como se pode pensar em ti, a coisa mais íntima e a mais estrangeira." (Gonzaga Leal)

















"É preciso que a vida seja aberta." (Gonzaga Leal)



"Os seres não vão para o nada." (Gonzaga Leal)



















"O silêncio e a espera são sempre difíceis... mas são o coração da revolução... Se esperarmos um pouco mais, eles podem transformar-se nesse coração." (Gonzaga Leal)















"Eu sou a coisa olhada." (Gonzaga Leal)








"A imagem é a experiência do limite..." (Gonzaga Leal)


"Todo ato de terapeutizar parece habitar as regiões brumosas entre a indeterminação e a incerteza. Carece de hospitalidade. De tempero. O Cenário Terapêutico Ocupacional é sempre um contexto, nunca um lugar. Tudo, ou quase tudo, é criado. Se precisamos pendurar, criamos um prego. Sendo um aplique, desenham-se cabeças. Se for um teatro, produz-se um palco." (Gonzaga Leal)

"Oque foi um ato sem precedente, criou-se um precedente" (Gonzaga Leal)



"Atividade artística é uma coisa que não depende, pois, de leis estratificadas, frutos da experiência de apenas uma época na história da evolução da arte. Essa atividade se estende a todos os seres humanos, e não é mais ocupação exclusiva de uma confraria especializada que exige diploma para nela ter acesso. A vontade de arte se manifesta em qualquer homem de nossa terra, independente do seu meridiano, seja ele papua ou cafuzo, brasileiro ou russo, negro ou amarelo, letrado ou iletrado, equilibrado ou desequilibrado." (Mário Pedrosa, 1947)




"A escultura permite reviver o medo; dar-lhe uma materialidade para que possa separar-se dele. O medo se converte em uma realidade manejável. A escultura permite que o passado seja revivido na sua proporção objetiva, realística." (Gonzaga Leal)




"Meu trabalho não se inspirou na psiquiatria atualmente predominante, caracterizada pela escassa atenção que concede aos fenômenos intrapsíquicos em curso durante a psicose. Ao contrário, meu interesse maior desde cedo se dirigiu no sentido de penetrar, pouco que fosse, no mundo interno do esquizofrênico. Na escola viva que eram os ateliers de pintura de modelagem, a escola que eu frequentava cada dia, constantemente levantava,-se problemas. Dificuldades que conduziam a estudos apaixonantes e muitas vezes tornavam necessária a procura de ajuda fora do campo da psiquiatria - na arte, nos mitos, religiões, literatura, onde sempre encontraram formas de expressão as mais profundas emoções humanas." (Nise da Silveira, 1981)



"Todos os objetos caminham em direções bastante diferentes uns dos outros. O mundo me espanta cada dia mais. Ele se torna ou mais vasto ou mais maravilhoso, mais inatingível, mais belo. O detalhe me apaixona, o pequeno detalhe, como os olhos num rosto, ou o musgo sob uma árvore. Mas não mais que o conjunto, pois, como separar o detalhe do conjunto? São os próprios detalhes que formam o conjunto... que dão a beleza de uma forma." (Gonzaga Leal)


























"Entendo o Cenário Terapêutico Ocupacional como um quadro, onde o paciente possa colocar seus gestos. Aprecio a exposição de seus gestos como uma espécie de banquete: algumas pessoas verão uma coisa, outras pessoas verão outra coisa. É quase impossível ver o quadro total e este é o ponto mais importante para mim. Quero que cada paciente ali descubra alguma coisa." (Gonzaga Leal)
















Jota Velloso - Ensaio com Dalva Torres e Gonzaga Leal.

Jota Velloso ensaiando com Dalva Torres e Gonzaga Leal para a estréia do Projeto Receita de Samba hoje às 18:30 no Teatro Arraial. Pensem num repertório lindo com o qual o Jota Velloso vai nos presentear nesta primeira récita. Tudo muito simples, poético, brasileiro, delicado e comovente. Costumo dizer sempre que, tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem. É um privilégio para todos nós e pra Recife ter hoje conosco um artista tão sério, tão comprometido com a música brasileira.



















UM ORATÓRIO PARA NISE
"NO SÉ SI ERAS UN
ANGEL
O UN RUBÍ
O SIMPLESMENTE TE
VI."
FITO PAEZ

Eu e o ator Rubem Correa: um amoroso reencontro. "Era candeia e parecia ser o lume. Era candeia."*

Rubem Correa, Gonzaga Leal e Nise da Silveira na abertura da exposição "Arqueologia da Psique" na Casa França Brasil, Rio de Janeiro. "Era a beleza e parecia ser a beleza. Era a beleza."*

"Era uma noite e parecia ser mil. Era uma noite."*

Em uma conversa coloquial com a Nise após um evento, no Rio de Janeiro. "Era Garça e parecia ser Garça. Era Garça."*

Nise, Gonzaga e Lula após uma apresentação numa mesa redonda, no Rio de Janeiro. "Era flecha e parecia ser alvo. Era flecha."*

Na casa da Nise em uma das vezes que me recebeu para tomarmos chá. "Era o mar e parecia ser o mar. Era o mar."*

Atentamente Nise me escuta quando falava sobre o vídeo "Do mundo da Caralâmpia à Emoção de Lidar", no qual ela é personagem central. Rio de Janeiro. "Era musa e parecia ser Anjo. Era musa."*

Mais um dos nossos encontros, que sempre eram permeados de humor, alegria, poesia e amorosidade. "Era  foz e parecia ser fonte. Era foz."*

O ator Rubem Rocha Filho, Nise da Silveira e Gonzaga Leal. Nise nos recebe em uma tarde chuvosa no Rio de Janeiro para tomarmos chá de canela com biscoitos. "Era o caule e parecia ser a flor. Era o caule."*

Na exposição "Arqueologia da Psique" Casa França Brasil, Rio de Janeiro. "Era agosto e parecia ser setembro. Era agosto."* 

O nosso último encontro algumas semanas antes de falecer. "Era dor e parecia ser gozo. Era dor."*

Algumas semanas antes de falecer recebo um telefonema da Dr. Nise me intimando para ir ao Rio de Janeiro. Dizia-me timidamente ao telefone que havia recebido uma revista em francês que continha uma matéria sobre o Laing e o David Cooper. Pediu-me para que fosse até o Rio na companhia de Rubem Rocha Filho para lermos e declamarmos essa matéria para ela. Na impossibilidade da ida do Rubem, saí de Recife para me encontrar com a Nise e cumprir sua ordem, sabendo de antemão que este seria o nosso último encontro. Passei um final de semana com ela, onde conversamos um repertório de assuntos, que desaguou na questão da finitude. Foi um dos mais lindos e emocionantes encontro que guardo com muito cuidado dentro de mim. Ao final de tudo ela disse-me: "Não tem sentido essa revista ficar comigo, leve-a com você e faça dela o que você bem entender." Não tive outra opção a não ser pegar delicadamente a revista, que até hoje guardo comigo, e cair em profundo silêncio para logo em seguida marejar os olhos. "Era a beleza e parecia ser a beleza. Era a beleza."*

O ator Rubem Correa e Nise da Silveira na exposição "Arqueologia da Psique." Casa França Brasil, Rio de Janeiro. 



*Os versos em itálico são de Neide Archanjo. 




UM ILUMINADO SANTUÁRIO I
PARA ANJOS, FLORES, POETAS E COLIBRIS. POSSO TAMBÉM TOMAR EMPRESTADO O VERSO DE VINÍCIUS DE MORAES PARA CONCEITUAR ESTE ÁLBUM:

"RESTA ESSA VONTADE DE CHORAR DIANTE DA BELEZA."





Reconheço: Clemência, Malu, Helô... 

Carol, Gonzaga e Rosa Pereira em um Seminário de Psicanálise...

 
Reconheço: Marici, Clemência e Malu.

Reconheço: Imaculada, Jane, Vera, Evaldo, Flávia, Ivo, Agnaldo, Glória, Lauriluce e Eliane. 

O psicanalista George Ledermann fazendo conferência sobre Arte no I Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional, realizado em Recife. 

 
Reconheço: Jô Benneton, Gary Kielhofner e Regina no Congresso de Terapia Ocupacional, em Fortaleza, no qual fui homenageado como presidente de honra.

Rui Chamoni e Gonzaga Leal no VII Encontro Nordestino de Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais. Nesta ocasião faziamos um debate sobre Ética.

Reconheço: Marcela e Milton. 

Reconheço: Jô Benneton, Regina, Gary Kielhofner e Eliane.

Flávia, Agnaldo e Ilka em uma homenagem que recebi em um evento científico em Maceió.

Gary Kielhofner e Gonzaga Leal em Fortaleza.

Reconheço: Rosinha, Du, Carlos Sandroni, Eliza Todd e Gizia.

Jô Benneton, Gary Kielhofner e Gonzaga.

Reconheço: Luziana, Imaculada, Marta, Evaldo, Rutimar e Eliane.

Reconheço: Eu e Michelle no Rio de Janeiro compartilhando uma mesa redonda no Instituto Pinel.

Eu e Clemência. Uma infinita saudade!

Reconheço: Marília, Márcia e Rosângela. 

de Vera Sarti.


Uma participação, pra mim, inesquecível, numa Mesa Redonda. Falar sobre a própria experiência com arte... "Terapeutas Fazedores de Arte" era o tema. E ter a honra de dividir com essas feras a mesa... quem precisa de mais?








SANTOS, QUASE - SANTOS:
UM ARREMEÇO PARA O SAGRADO NA OBRA DE HIRAM.


Esta série de imagens, me traz a memória um filme de Jean Cocteau onde o personagem com movimentos de natação, atravesa o espelho. Aqui temos o outro lado do espelho. Temos então aqui a importância da obra para o próprio individuo que a elaborou. Mas por outro lado, se aceitamos a definição de Augusto Comte para quem a arte é "a única porção da linguaguem universalmente compreendida por toda nossa espécie", vemos que além de representar o próprio artista, as presentes obras permitem também o diálogo (o que de outra forma seria difícil ou impossível) entre ele e outros - os expectadores. Para o artista cada uma de suas criações tem um valor de um sacrifício. Podemos observar com G. Durand que "a angústia existêncial transforma-se numa essência estética tecnicamente dominada"
A obra plástica de Hiram nos leva a sentirmo-nos entre o olho e o espírito. Sim, porque parecem precipitar um diálogo entre opostos de nossa percepção, indicando-nos da materialidade à imaterialidade que possuimos. Porque nos dão a impressão de querer relacionar um quê de real e outro de ideal que nos habita, levando-nos a refletir sobre o que vemos ou imaginamos, quiçá sonhamos, enfim...
Penso ver aqui um hífen entre corpo e alma.
A própria concepção das imagens remete à relação imanência/transcendência, lançando a nossos sentidos a clara e correlata dicotomia: razão e emoção. 
Trata-se, aqui, de uma produção, mediante a qual Hiram mostra o resultado de adentramentos - diga-se, levados à exaustão -, realizadas após inúmeros processos. Acredito eu, também e concomitante, acerca de sí. Hiram nos faz transitar entre experimentações perceptivas ora lineares, ora pictóricas. E, num lapso de tempo apreender como resultado figuras leves, por vezes quase em movimento, fluídas, mas sobreamente luminosas ou inquietamente claras. Hiram parece querer insinuar estórias mediantes suas silhuetas, incorporando, agora, uma literalidade quase retórica em seu trabalho, como provável de um legado cênico. Não é sem motivo, portanto, que a maioria das indumentárias que vestem suas imagens, não possuem uma linha capaz de relacioná-las a cronologia, perfil ou âmbito exatos. Flertando, entretanto, com possiveis nexos históricos estabeleciveis, digamos, brincam de tempo, tipos e personagens na esfera do assunto representado.
Assim ao observarmos suas imagens, tanto podemos identificar bruxas quanto santas, devassas ou castas, voluptuosas ou voluntariosas, libertinas ou libertárias, submissas ou guerreiras, selvagens ou refinadas, santas ou diabas. Mas o que o artista parece querer nos apresentar - e nisso, percebam, reside sua terceira e fundamental investigação existencial - é a feminilidade em seus ciclos, assim como a lua em seus mistérios quase mediúnicos, ora oculta, ora insinuante, ora exuberante, ora tímida; ora toda, ora parte, ora metade, ora nenhuma. E sendo, pois, telúrica, ou celeste, girando entre a terra e o sol, quer descobrir-se ou reconhecer-se nessa órbita como elipse de fertilidade e luz.
O que observamos na obra de Hiram, são imagens em síntese, em transe, em espírito, em crise, em metamorfose. Insones ou desnudas, insinuando o lado vermelho - não de Marte, mas de Vênus. Imagens sedutoras como serpentes ou demônios, implicando pecados e sacrifícios. Imagens imaculadas como pombas ou lírios, suscitam abnegação e submissão frente ao divino. São, portanto, inspiradoras como lágrimas, libelulas, rosas ou corações encarnados... Melhor, imagens-musas como estrelas, porém, não somente Vésper, antecedendo a noite, mas antes de tudo, a maneira d'Alva. Sim, Estrela d'Alva branqueando o horizonte, precedendo o dia... Alva: alvor primeiro, nitidez do princípio, divino motu continuum - manifestando a vida -, quase-santos, quase-alma, como alva, qual X num mapa alvicelestial...



  
 






 


 

 



 








UMA ARCAÍCA LEMBRANÇA

Quando morava no interior de Pernambuco, em Serra Talhada, uma das minhas diversões prediletas era o cinema. Guardo comigo esta foto de divulgação do filme Macunaíma, que assisti no Cine Plaza, e que me foi presenteada pelo divulgador. Foi o meu primeiro contato com Mário de Andrade. O filme foi baseado no seu livro Macunaíma, que teve a direção de Joaquim Pedro de Andrade. No elenco: Grande Otelo, Dina Sfat, Paulo José, Jardel Filho, Rodolfo Arena, Joana Fomm e Milton Gonçalves.




III FESTIVAL RECIFE DO TEATRO NACIONAL -  DE 16 A 26 DE NOVEMBRO DE 2000.

Instantes da mesa de debate sobre a peça Anjo Duro, interpretada pela atriz Berta Zemel.
   A peça aproxima as trajetórias e as ideias de duas figuras femininas singulares em nosso panorama cultural : a Dra. Nise da Silveira e a atriz Berta Zemel. A união dessas duas experiências é a base que o diretor Luiz Valcazaras usou para encenar esse espetáculo que leva o pensamento da Dra. Nise até as platéias de teatro, hoje mais do que nunca ávidas por uma cena que seja antes reflexão articulada de forma artística que mera reprodução de outras formas de diversão.
   A Dra. Nise dedicou sua vida à compreensão do ser humano. Psiquiatra alagoana, Nise da Silveira faleceu aos 94 anos de idade. Foi um exemplo de coragem desde que quebrou os padrões da psiquiatria, como o uso do eletrochoque e dos medicamentos sem limites para esquizofrênicos, métodos que a Dra. Nise substituiu por afeto e arte. Todos, dizia, são seres humanos que merecem o maior respeito.
   Berta Zemel destacou-se, já na década de 60, como uma das nossas atrizes mais talentosas e sérias. No teatro e na televisão, encenou uma galeria de personagens que tiveram o raro privilégio de serem reconhecidas tanto pela crítica quanto pelo público. Dona de um currículo excepcional, além do sucesso como Vitória Bonelli, novela da extinta Rede Tupi, Berta Zemel acumula diversos prêmios. Sua volta ao palco, em Anjo Duro, é mais que um desafio - mostrar ao mesmo tempo a obra de uma grande mulher e acreditar no talento de Luiz Valcazaras, na época um jovem diretor de teatro.
  
   O próprio diretor assim define a concepção do espetáculo:
- ... A encenação de "Anjo Duro" foi feita a partir de uma desassociação entre dois planos: o real e o imaginário. No plano real temos a personagem Nise da Silveira refletindo e escrevendo cartas a Spinoza. No plano imaginário temos sua ação simbólica e suas lembranças. Esses dois planos se completam num processo híbrico que mostra a totalidade de um ser responsável pela alma humana, no seu sentido mais genuíno, e sua ruptura com códigos impostos por uma sociedade viciada e em parte doentia.


O diretor da peça Anjo Duro, Luiz Valcazaras, a atriz Berta Zemel e o cantor Gonzaga Leal.

 O ator, autor, diretor de teatro e cordenador do 3º Festival Recife do Teatro Nacional, Romildo Moreira - O diretor da peça Anjo Duro, Luiz Valcazaras e a atriz Berta Zemel.

 A atriz Berta Zemel.




Gonzaga Leal canta: Menino D'oiro - Zeca Afonso
Texto: Manoel de Barros



Abertura do show "E o que mais aflore" - Fragmento do livro: Capitães de Areia, de Jorge Amado.
Narração: Gonzaga Leal
Canto e Percussão: Tomás Melo - Jogo de Dentro (Paulo César Pinheiro)






I CONGRESSO NORTE NORDESTE DE TERAPIA OCUPACIONAL
FORTALEZA - CE / OUTUBRO DE 1996

Neste Congresso recebi uma preciosa homenagem. Fui escolhido como o presidente de honra do Congresso. Fortaleza e os Cearences sempre tiveram por mim muita consideração e respeito. Sou muitíssimo grato. Este momento em especial, no qual fui homenageado, estava fazendo uma longa e difícil travessia na minha vida pessoal. Ter recebido afetos, ternuras e amorosidades em forma de homenagem, ajudou-me a realizar uma ultrapassagem tão árdua. Fiz a conferência de abertura, cujo o nome era o mesmo do Congresso. Naquele périodo questões ligadas a transdisciplinaridade nos saberes encontrava-se em plena efervescência. Me recordo que o que falei provocou um certo mal-estar entre alguns colegas, a ponto de terem comentado que a minha conferência era densa, hermética, enfadonha e de difícil compreensão principalmente para uma mesa de abertura de um Congresso. E claro que compreendi. Restou-me apénas colocar o texto a disposição daqueles que se interessaram pelo que eu falei. E que não foram poucos.
Em breve estarei divulgando fragmentos do texto de forma muito esparça, pois hoje chego a concordar que o texto não é longo, é longuíssimo. Por enquanto, fica o registro da mesa de abertura através dessas três fotos. 






NISE DA SILVEIRA - UMA OBSTINADA MULHER
GONZAGA LEAL

   Tímida, sempre a esquivar-se, como a se escusar de tomar espaço, foi como o escritor alagoano Graciliano Ramos a descreveu.
   Figura delicada, gestos comedidos, olhar atento, à primeira vista Nise da Silveira pode parecer frágil, tímida ou, simplesmente, a mulher afetuosa dos nossos sonhos.
   Mas, basta que comece a falar pensando cuidadosamente cada palavra e eis que se revela o que dela diz o biblíofilo José Mindlin: "é uma eterna caixinha de surpresa".
   Nise atravesou o século XX coerente com o que sonhou desde pequena - apaziguar o sofrimento humano. Através de sua sensibilidade extrema aliada ao rigor científico, ela era uma daquelas mulheres sobre as quais se costuma dizer que estava a frente de seu tempo.
   Nise conciliava ternura com firmeza de convicções. E foi baseado nessa percepção que o psicanalista Hélio Pelegrino cunhou o apelido que melhor a definiria: Anjo Duro.
  
Meus encontros com Nise foram inúmeros. Alguns dos quais, gravados em fita k-7 com sua devida autorização. Cada encontro se revestia de grande intensidade e delicadeza. Na sua grande maioria, a partir das 17 horas. A hora em que tomava chá. Chá de canela com torradas. Era nesse horário que recebia os amigos.
   Posso vê-la sentada de forma silenciosa à mesa, protegida sempre por um xale que lhe conferia uma impressão de nobreza, não raro com um gato a repousar sobre seu colo.
   De cada conversa que tinha com Dr.ª Nise ficava sempre a impressão de que seu centro ativava o centro da outra pessoa, como se pudesse traduzir com perfeição o ditado zen: "onde o mestre passa sempre nascem flores".
   Ela era verdadeiramente um mestre no sentido oriental, as coisas vinham até ela, sem que precisasse fazer esforço.
   De cada encontro, saía engrandecido, sentindo um secreto orgulho de partilhar com ela a mesma condição humana, o que me obrigava a ser mais exigente em relação a mim mesmo, como se me dissesse: "E você, o que está fazendo?". Nise era uma dessas pessoas raras. Grandeza como ser humano, enorme capacidade de doação, fina sensibilidade, vasta cultura, inesgotável força de trabalho: eram muitas as qualidades que faziam dela uma especial pessoa.
   Nise não perdia tempo em comentar desvarios dos sãos. Miúda e aparentemente frágil, costumava dizer que tinha "um Virgulino Lampião debaixo da pele". Aprendeu cedo a dizer sem medo aquilo que pensava. Falava suavemente, mas dizia tudo. Por isso foi parar nas masmorras de Getúlio e Felino Muller.
   A veneração que Nise sentia pela vida estendia-se a todo ser vivo, tendo os gatos um lugar de destaque. Ela era adorável..., mas dona de espírito contestador e revolucionário. Nise era daquelas pessoas que tornavam menos dolorosa a existência humana, uma desconcertante mulher. Ela questionou a fundo a prática psiquiátrica, muito antes que Szasz, Cooper, Goffman e Baságlia encetassem suas críticas ao manicômio, quando ainda predominavam resquícios de eugenismo no Brasil. Nise compreendeu as razões históricas que engendraram o manicômio, partindo de uma leitura correta e abrangente de Marx, aprofundada mais adiante com Foulcault. E não parou aí. Compreender seus pacientes exigia muito mais. Era importante atrever-se, tanto quanto possível ao dentro. Tentar o contato. Desenhar a medicação.
   Carlos Drummond de Andrade em 4/1/1975 no Jonal do Brasil assim se refere a Nise: "Seu serviço de Terapia Ocupacional abriu caminho para a interpretação de valores obscuros, em potencial no espírito atormentado: o caminho da criação artística. Sem pretensão de formar criadores no sentido oficial da disciplina estética. Sem querer aumentar o catálogo de nossos pintores, escultores, gravadores. Nise interroga o inconsciente e consegue que dele aflorem as representações artísticas espontâneas, prova de que nem tudo em seus autores é caos ou aniquilamento: perduram condições geradoras de uma atividade bela, a serem devidamente estudadas visando ao benefício do homem futuro, tornando mais transparente em suas grutas interiores."

   Desconheço outro livro de "psiquiatria" tão intenso e admirável quanto o Imagens de Inconsciente, aliando a um só tempo rigor e intuição. Nele, Nise faz a opção do caso clínico pela biografia. Abandona o prontuário e recorre ao diálogo, cheio de riscos e, no entanto, mais caloroso e mais próximo. Despreza o etiquetamento das doenças mentais e reequaciona os "estados do ser". No universo das imagens a Dr.ª Nise, como costumava chamá-la, segue a aventura da unidade; infinita para Spinoza, árdua para Jung, dramática para Artaud.
   Então, quando a consciência submerge em noite densa, quando tudo parece perdido, para Dr.ª Nise perdura o fio sutilíssimo da unidade. Quanto a isso Artaud é certeiro: "ter o sentido da unidade é ter o sentido da anarquia e do esforço para reduzir as coisas, reconduzindo-as à unidade".
   Esse era o percurso de Nise da Silveira. Antônio Calado assim escreveu sobre ela: "Um dia há de sair uma biografia de Nise da Silveira, que é foco perfeito para o entendimento de uma época, um espírito precioso, bem lapidado, a refletir em muitas facetas um périodo tormentoso da vida brasileira".
   Guardo comigo inúmeras fotografias que faziamos durante os nossos encontros. Quero compartilhar com vocês alguns desses momentos que registrei amadoristicamente, e claro, com sua delicada autorização.

Autografando prá mim um dos seus magnificos livros, que me presenteou, Cartas Spinoza.
No ano de 1996 criei uma dramaturgia a partir do livro, para o monólogo, Cartas Spinoza, que foi apresentado no projeto Iluminuras no Hospital Ulisses Pernambucano, em Recife.
A atriz Maria Oliveira fez Nise.


A hora do chá era um momento sagrado, que compartilhava com "pessoas afins" como ela mesmo designava. Tudo era muito surpreendente, amoroso, delicado e intenso.
Sempre pensativa e compenetrada, é como se estivesse ensaiando alguma coisa para dizer. Após esses ensaios pensantes era muito certeira.


Nise da Silveira, Luiz Carlos Melo, Gonzaga Leal e Sandra. Não tenho clareza qual foi o evento, e em que espaço foi realizado. Com certeza foi no Rio de Janeiro.

 Nise possuia um senso de humor indescritivel. Que era lindo e de enorme inteligência.



Rubem Rocha Filho, Nise da Silveira e Gonzaga Leal - Rio de Janeiro, Outubro de 1986

Um deslumbrante quadro, um óleo, pintado pelo grande pintor Dí Cavalcanti, e presenteado a Dr.ª Nise. Trata-se de uma Nise mulata nobremente sentada, na companhia de um gato. Foi assim que o pintor que adorava pintar mulatas, retratou a Nise. Uma poesia e uma carta em forma de imagem. A primeira vez que me defrontei com esta imagem fiquei absolutamente maravilhado.

Tinha uma relação especialíssima com os animais. Uma relação de amizade, respeito, afeto e companhia.























OS ABANOS E A PENEIRA.
Sempre me intrigou esses dois objetos estarem fixados em uma das paredes da biblioteca da Dr.ª Nise. Certo dia resolvi interrogá-la, do que se tratava aqueles dois objetos. E prontamente ela me esclareceu: "Trata-se do meu brazão, e como todo brazão, os seus simbolos possuem um significado: o abano, preciso dele para manter sempre aceso o fogo da paixão, no caso a peneira, ela é importante para peneirar os excessos da paixão".

Nise um certo dia me interrogou: "Você já leu Machado de Assis? Conhece os escritos de Antonin Artaud? Se não, trate de conhece-los, pois só assim você entenderá melhor o universo interno dos psicóticos. Os escritos dos dois representaram pra mim grandes aulas de psicopatologia”. Foi assim que me iniciei em Machado de Assis e Antonin Artaud. Sou um convertido a eles.



Um inesquecivel momento, que trago bem guardado dentro de mim.

  






RENASCER EM NISE. JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA GRAVA DEPOIMENTO INÉDITO EM NISE DA SILVEIRA - SENHORA DAS IMAGENS

José Celso Martinez Corrêa gravou vídeo inédito para o espetáculo que inicia caminhada em São Paulo dia 01 de fevereiro no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura (Av. Paulista). A filmagem aconteceu no último dia 23 de dezembro no Teatro Oficina, data especialmente simbólica para o criador do Teatro Oficina, que celebra anualmente a passagem de seu irmão, Luis Antônio Martinez Corrêa, assassinado em 1987.

"A peça fala da possibilidade de renascermos em Nise. E o Zé é uma Fênix! Soube que ele admirava profundamente a Dra. Nise, outra Fênix! No momento em que estreamos a montagem em São Paulo, achei que seria importante registrar seu depoimento, sendo ele um dos expoentes de nossa cultura." Afirma Daniel Lobo, idealizador da montagem.

A encenação multimídia conta ainda com a participação em vídeo de Ferreira Gullar e com o ator Carlos Vereza como "A Voz do Inconsciente". A bailarina Ana Botafogo estreia em teatro assinando as coreografias inéditas. ''Nise'' arrebatou plateias no longo de 2011 no RJ, com a atriz Mariana Terra em elogiada performance.

Evoé Nise!


NISE DA SILVEIRA - SENHORA DAS IMAGENS
COM MARIANA TERRA
DRAMATURGIA E DIREÇÃO: DANIEL LOBO
COREOGRAFIA: ANA BOTAFOGO
TRILHA ORIGINAL: JOÃO CARLOS ASSIS BRASIL
PARTICIPAÇÕES DE CARLOS VEREZA (VOZ DO INCONSCIENTE) E FERREIRA GULLAR (VÍDEO)

De passagem pelo Rio de Janeiro para realizar um breve trabalho encontrei tempo para assistir na fundação Cultural Correios ao espetáculo multimídia Nise da Silveira - Senhora das Imagens.
Um espetáculo intrigante e arrebatador sobre uma das mulheres brasileiras mais importante do século XX. Conjugando beleza, densidade, poesia e inspirada dramaturgia, a montagem presta um belo tributo a Nise.
Uma das montagens teatrais que mais me tocou e arrebatou.
Assistam extra da peça.

Contato: Essencial Companhia de Teatro
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