sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Editorial

Não foi fácil decidir que matéria pautar na primeira postagem deste blog, que há muito tempo imaginava construí-lo. Após muitas idas e vindas, suponho que fui certeiro ao escolher a conferência de Jô Bennetton pronunciada no último Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional, realizado em Outubro de 2011 em São Paulo.
Alguns amigos Terapeutas Ocupacionais me falaram do teor da fala da Jô, o que aguçou por demais a minha curiosidade. Mais do que imediatamente lhe telefonei, disse do meu desejo de conhecer o que havia falado e ela prontamente me enviou o texto, que hoje tenho o maior prazer em publicá-lo, iniciando o meu rito de iniciação no blog Terapia Ocupacional - Sutilezas, esperando assim que o mesmo cumpra inumerosas passagens.
Conheço Jô Bennetton profissionalmente a mais ou menos 33 anos. O seu empenho com a clínica, produção e transmissão da Terapia Ocupacional, fizeram dela uma Terapeuta Ocupacional singular, originalíssima, de fibra própria e sempre determinada em pensar e produzir uma Terapia Ocupacional Brasileira. Isso prá mim faz uma enorme diferença. A sua criticidade é muito marcante, o que por vezes a torna uma incompreendida. Portadora de uma vasta cultura, ela continua seguindo de mãos dadas com o seu rigor, com a sua sagacidade, com a sua inteligência, com a sua amorosidade e com seu jeito peculiar de fazer clínica e estar no mundo. E uma coisa não está dissociada da outra.
O texto foi por ela autorizado ser publicado na íntegra, sem nenhuma edição, tal e qual ela apresentou no Congresso.     



A Formação Clinica no Centro de Especialidades em Terapia Ocupacional.

Agradecimento:
Conheci Tatiana Couto há dois anos durante o congresso em Fortaleza e percebi no decorrer dele o entusiasmo e responsabilidade dessa jovem Terapeuta Ocupacional.

Estou aqui hoje para corresponder ao seu convite pessoal.
Quero começar com a maior comemoração que podemos fazer em Terapia Ocupacional.
Há cem anos foi fundado pelo Eleanor Clarke Slagle o primeiro curso de Terapia Ocupacional na Philadelfia – 1911-2011.
Seis anos depois 1917 a profissão e a nota foram regulamentadas e nós somos a consequência dessa feliz fundação.
Foi há muito tempo, mais de quarenta anos, mas a cena me vem a mente, muitas vezes me persegue e outras vezes me faz ter um certo sorriso de alivio e satisfação.
Hoje sei o que posso atender alguém que esteja com sintomas de impregnação. Ainda bem que nos meios em que trabalho os médicos também não permitem que pacientes tenham sobre os sintomas da doença os também sofridos efeitos das terapias. Mas, não era assim nos anos 60.
Marici no meu primeiro estágio da graduação deu-me como tarefa atender individualmente uma paciente com diagnóstico de esquizofrenia.
Numa sala cubículo do IPQ, encontrei frente uma mesa uma moça-velha com expressivo tremor distal, dificuldade de deglutição, portanto babava e não levantava a cabeça. Minha tarefa dada pela supervisora neste caso era dar a paciente uma atividade dita estruturada, como tricô e crochê, que traria benefícios a sua organização mental. Como fazer com que isso ocorresse?
Hoje sei que posso atendê-la, mas não com as atividades recomendadas.
A consequência é que não fiz estágio de Graduação em PQ.
Da mesma forma, Camila Santarosa, estudante no CETO hoje, num artigo ainda inédito relata para a revista do CETO: Lembrei-me da época de estágio quando me disseram que eu ia atender pela primeira vez uma criança com paralisia cerebral. Já havia lido muito sobre o assunto, onde diziam que deveríamos coloca-la em uma posição adequada para “quebrar o padrão patológico”, acho que se lembram disso, mas, em nenhum livro e nenhum professor havia lido ou sido orientada que para quebrar o padrão eu teria a impressão de estar quebrando a criança ao meio. Eu não sabia a quantidade de força necessária...
Com esses dois exemplos conto em realidade como tudo começou.
Eu precisava revolver um problema profissional: Como uma terapeuta atendente, como deve se portar, que atividades deve indicar e por que?
Foram experiências vividas de uma jovem Terapeuta Ocupacional que me fizeram privilegiar a clínica nos meus estudos.
Mas, antes quero falar desta minha palestra: Levo em média seis meses, tempo para preparar um texto para publicação ou para uma palestra.
Este esta sendo preparado há 40 anos e não esta pronto.
O meu desejo é que ele nunca, nunca mesmo fique pronto e que haja sempre os membros do centro de especialidades em Terapia Ocupacional para continuá-lo.
Estou falando a profissionais Terapia Ocupacionais que queiram estudar, aprender, tratar, ensinar e pesquisar como Sonia e eu fazemos a mais de 30 anos.
Sonia venha aqui ficar comigo, pois o texto interminável de hoje é sobre nossa história no CETO e a minha memória pode falhar; afinal essa história esta sendo escrita em principio a quatro mãos.

O CETO

No CETO nós consideramos a fundação da primeira escola e a regulamentação da profissão em 1917 nos Estados Unidos o corte inicial da nossa história.
Consideramos também herdeiros e continuadores na assistência ensino e pesquisa a partir do paradigma da Terapia Ocupacional.
Paradigma reconhecido a partir de 1970 pela AOTA e baseado na prática do programa de treinamento de hábitos da SLAGLE. Sendo assim nossa ideologia é fortemente marcada pela compreensão de que a Terapia Ocupacional fundada através do que podemos denominar hoje de um projeto técnico experimentado e utilizado até meados dos anos 50.
Hoje para o CETO a Terapia Ocupacional profissão é uma ciência empírica desenvolvida através do reconhecimento de que a clinica é o núcleo duro capaz de permitir a construção da teoria técnica, métodos, técnicas e estabelecer procedimentos.
Essa base ideológica é no CETO responsável pela construção do método Terapia Ocupacional Dinâmica por onde caminhamos estudando e ensinando, pesquisando e investigando, tratando e assistindo.
A célula mater do CETO foram os grupos de estudos iniciados com graduandos que faziam estágios comigo. Isso nos anos 70.
Ele foi formalizado enquanto instituição em 1980, já em parceria com Sonia Ferrari.
Para a construção do método os dois núcleos ideológicos foram estabelecidos:
O primeiro, como o próprio CETO de que a clínica seria soberana e, como, tal estudada e sempre aplicada;
O segundo, que, com esse núcleo duro Terapeutas Ocupacionais seriam formados para a prática clínica e sua investigação, e a partir daí para a pesquisa de teorias, métodos e técnicas.
Ao longo de mais de trinta anos, pesquisas empíricas e epistemológicas resultaram em conceitos e técnicas, constituintes de um corpo de teorias da técnica, que permitem a constante ampliação do método Terapia Ocupacional Dinâmica, (MTOD), afirmando o CETO como uma instituição de assistência, ensino e pesquisa  com esse método próprio.


Conceitos da Teoria da Técnica
População alvo,
Saúde e Sujeito alvo,
Diagnóstico Situacioal,
Relação Triádica,
Atividades,
Analise de Atividade,
Raciocínio Clinico,
Terapia e Educação,
Setting,
Grupos,
Inserção Social,
Ética.

As atividades do CETO
Assistência: privada e nossa tentativa atual de criar uma clínica social.
Ensino: especialização no MTOD, supervisão de casos clínicos e de equipes em instituições, seminários de ciência e Terapia Ocupacional.
Pesquisa: orientações de dissertações e teses, seminários de pesquisa e colaboração em pesquisas em Terapia Ocupacional.
Associação de Classe: associação de formados e formandos pelo curso de especialização no método Terapia Ocupacional Dinâmica.
Como pode-se perceber todas essas atividades que desenvolvemos tem a ver com formação.

Consideramos formar-se em Terapia Ocupacional uma composição, uma constituição, uma criação e uma elaboração do conhecimento.
 
A única formação programática pré- estabelecida é a do curso de especialização no método Terapia Ocupacional Dinâmica.
As demais atividades são estabelecidas de acordo com as necessidades ou desejos dos Terapeutas Ocupacionais.

A especialização e o método:
Duração: em torno de três anos e meio
Disciplinas:
I- Epistemologia e construção histórica do MTOD
Como estamos construindo o método.
II- O método
Teoria da técnica: conceitos, técnicas e procedimentos.

Nessas duas disciplinas teóricas o método é estudado desde os primeiros conceitos até suas alicerces conceituais como a dinâmica da relação triádica, estabelecida então entre seus três termos: paciente, terapeuta e atividades.
O caminho processual que caracteriza o método é a dinâmica específica pela qual movimentos de ação e de reação são determinantes dessa dinâmica relacional.
O estudo e a aplicabilidade do método e suas técnicas através does termos constituintes da relação triádica, sustentam os procedimentos na prática orientada á saúde e à educação, ambas as bases para a construção e ampliação das atividades do cotidiano.
Este por sua vez, célula inicial para a participação social, objetivando assim a vocação da profissão: a inserção social.
 
III- Laboratório de analises de atividades.
IV- Supervisão de casos clínicos
Para saber como proceder dentro deste método, é preciso caminhar por uma prática que se inicia pela própria experiência ao fazer e analisar atividades.
Num segundo momento como ser tratados e educados os sujeitos alvos.
É através dessa formação, como o fizeram as colegas articulistas das várias edições revista CETO que seus escritos demonstram a clareza do saber em um método de Terapia Ocupacional que lhe permitiu escolher caminhos processuais em diferentes clínicas ou situações.

Para finalizar quero deixar meu protesto quanto as condições de trabalho das nossas colegas em serviços programática e hierarquicamente estabelecidos sem previsão em instancia nenhuma de proteção a integridade física, mental e ética desses profissionais.
O CETO crescido, tem mais de três centenas de Terapeutas Ocupacionais formados em especialização clínica e em seminários de pesquisa e contamos também com um grupo de membros do CETO, o que só vem enriquecendo e ampliando nosso projeto.

Áreas de assistência;
A pesquisa por internet e os resultados:
1- Natália: dependência química
2- Ana: cuidados paliativos e clínica médica
3- Tatiane: saúde mental
4- Thais: saúde mental
5- Milena: educação
6- Dani: residência terapêutica e saúde mental
7- Camila S: dependência química e neuro infantil
8- Juliana: saúde mental
9- Carmem: saúde mental
10- Andréa: saúde mental
11- Fabiana: saúde mental, idosos
12- Vanessa: deficiência, saúde mental
13- Thiene: saúde mental
14-Flávia: hospital geral
15- Flavia: escola de autistas
16- Érika: crianças de 2 m e 2ª DF
17- Adriane: sala de espera Educa.
18- Tamara: rua e albergues
19- Alexandra: transtorno mentais graves crianças
20- Alexandra: fundação casa e liberdade assistida
21- Alexandra: matriciamento
22- Giovana: criança DF.
23- Priscila: interconsulta em SM e clínica e h. judiciário
24- Leonardo: deficiência intelectual DM
25- Daiane: enfermaria em HG
26- Natália: dependentes químicos
27- Renata: crianças com DM
28- Dayane: SM
29- Daniela: SM.E
30- Sonia: SM
31- Camila: idosos
32- Renata: DF         
    

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