quinta-feira, 10 de maio de 2018

DEPOIS DE ONTEM ...

Hoje me furto muito ao julgamento da resultante, do que é que resulta, do que é que deve significar, como é que se prepara a terra. É como se hoje eu tivesse a ideia de que eu sou um arado para preparar a terra para o plantio, quer dizer, eu não sou a semente. Eu tenho o arado mas não a semente... Estou muito mais apaziguado com o meu universo interno, que eu acho que é muito forte na atitude toda, no ímpeto, no porque de ser assim, de fazer as coisas. Por isso que eu não tenho convicções, hoje em dia, nítidas a respeito de coisa nenhuma. Eu apenas cumpro uma urgência existencial, eu me sinto somente propulsionado a fazer coisas que não sei julgar direito. Eu me sinto só cumprindo... 
A ideologia do amor me interessa, como encaminhamento e como meta, de um espaço onde a coisa se derrame. Mesmo !!!
Quer dizer a realização desse mistério. Mas acontece que é tudo misterioso.Me empenho cada vez menos em possuir segredos e, cada vez mais andar de mãos dadas com o mistério. Contento - me em ficar cada vez mais aberto, derramado e revelado, esparramado sobre a mesa, e por isso mesmo cada vez mais ilegível.
Eu, cada vez mais, diante do que faço fico pasmado por isso ser tão estranho a mim mesmo, tão diferente do que talvez eu gostaria de ser, se ainda fosse possível gostar de alguma coisa.
É como como se ao ler o meu trabalho, eu fico vendo que é tão diferente do que deveria ser se eu tivesse que me convencer de uma maneira ou de uma forma ou ter uma ideologia do meu próprio trabalho. Eu coloco cada vez menos o meu trabalho a serviço do que quer que seja. Porque eu confio muito no seguinte, eu confio muito na existência , confio cada vez mais no fato de que a formação de um ser humano é a formação de um ser humano. Ela se dá de alguma forma. Eu acredito no indivíduo, no homem, cada homem é um projeto inteiro de existência. Por isso que eu digo: não sei pra que serve o meu trabalho. 
É, o Gonzaga . É deixá - lo lá, ele que se cumpra. As coisas devem ser abandonadas ao seu destino , que já se conformou ao que já se deu. O existente em mim , isso é o que me interessa, e isso é o que eu acho que é cada vez mais igual ao existir de tudo. Eu sou cada vez mais ocupado em despir a minha fantasia. Por isso é que quando chego em casa eu me dispo daquela fantasia toda e não resta nada. Fica eu ali existindo, sofrendo um sentimento difícil, ou fruindo um sentimento fácil, me debatendo contra um acesso de coisas escuras, ou extasiado com um acesso de coisas brilhantes e belas. O que para mim significa, viver no êxtase, que quer dizer exatamente uma mistura entre as alturas do contentamento e da felicidade e as profundezas do pesar. Eu sou o tempo todo profundamente entusiasmado e alegre, e profundamente pesaroso. Num sentido assim que não dá pra ser de outro jeito, porque é tudo ao mesmo tempo tão confortante e tão incômodo, é ao mesmo tempo tanta coragem e tanto medo. Cada momento de existir , assumir a inteireza de cada instante solitário, ao mesmo tempo assumir o absurdo de cada instante coletivo, de cada instante social, você pensar no mundo , em todas as pessoas. Você já imaginou , de repente você pensar em todo mundo, no mundo todo, em todos os sofrimentos, em todas as dificuldades, em todas as distâncias enormes que existem entre as pessoas, e ao mesmo tempo você não morrer ? Não morrer por causa disso!!! Você continuar vivendo apesar do caráter extremamente trágico da existência !!!

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